quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"Há males que vêm por bem".

Usa-se demasiado esta expressão nos dias que correm. Está sobrevalorizada, diga-se.
Então vejamos: eu recebo a notícia de que chumbei no exame nacional de português. Para me consolarem, dizem-me: "Há males que vêm por bem."
Mas então e quando o contrário acontece não merece o mesmo protagonismo?!
Imagine-se que marco um golo que põe a minha equipa na frente, mas ao rematar a bola (para fazer um golo de belo efeito) lesiono-me. Neste caso ninguém me vem dizer "Há bens que vêm por mal" pois não? E porque não, se foi exactamente isso que se passou?
Porque na língua portuguesa, há expressões que metem cunhas.
"Há males que vêm por bem" é prima direita do "Quem te avisa teu amigo é", que por sua vez é bastante chegado à "A galinha da vizinha é muito melhor que a minha" que conhece de ginjeira a dona língua portuguesa, que eu bem sei.
Quem se lixa são expressões como "há bens que vêm por mal" coitadinhas, que não têm o protagonismo que merecem.
Fear no more "Há bens que vêm por mal"!! Neste espaço não há lugar para injustiças gramaticais!

4 comentários:

G disse...

para de queimar man...

Morales disse...

"Porque na língua portuguesa, há expressões que metem cunhas."

lol Muito bom! Nordeste a Provedor desse património da Humanidade que é Língua Portuguesa! Não sei se existe o cargo. Se não existe, cria-se!

Kiko Pedreira disse...

lolol. Sinto-me mais que preparado para exercer esse inutil cargo.

dom manuel de manucho y manelson disse...

tocas num ponto sensível.
não há simetria na língua portuguesa, caralho!
questão que me atormenta a cada 15 dias é a de saber como compatibilizar na totalidade as seguintes expressões:
1. "não há duas sem três"
2. "à terceira é de vez"

é como dizes, "há expressões que metem cunha". e estas duas, tal como o manuel alegre e o mário soares fazem isso mesmo.